Da África à Austrália, a EGP amplia seus horizontes

Dos 156 MW em contratos conquistados em 2012, aos 2400 MW de 2016. Em apenas cinco anos, a Enel Green Power teve um desempenho inimaginável e entrou em mercados que até alguns anos atrás pareciam impensáveis para o mundo das energias renováveis. Em junho passado, o Grupo adjudicou-se o direito de construir e operar a usina solar fotovoltaica de 34 MW de Mosi-oa-Tunya, na Zâmbia; no Peru, a Divisão de Energia Renovável da Enel será em breve a única empresa a operar usinas com três diferentes tecnologias renováveis, graças à adjudicação de um total de 326 MW. “Talvez essas sejam as maiores conquistas de 2016”, disse Antonio Cammisecra, Responsável de Business Development da EGP, durante a entrevista. “São conquistas que demonstram que somos uma empresa competitiva, capaz de superar características tecnológicas ou geográficas específicas”. Por que a entrada na Zâmbia e no Peru foi tão importante? No Peru, vencemos a licitação para dois novos projetos, que desenvolvemos do zero em um mercado totalmente novo. Na Zâmbia, confirmamos nossa capacidade de entrar em mercados novos e distantes e nossas habilidades de avaliar riscos. A história da EGP sempre foi marcada pela coragem: atualmente, estamos participando de uma licitação na Etiópia, e esperamos poder comemorar mais um grande resultado. Em 2016 também estivemos no Marrocos e no México... Esses dois países nos deram grande satisfação. No Marrocos, foi adjudicado o direito de desenvolver, construir e operar cinco projetos eólicos com capacidade instalada total de 850 MW, em consórcio com a Nareva Holding e a Siemens Wind Power. No México, conseguimos garantir 1 GW de energia solar em uma única licitação, além de quase 100 MW de capacidade eólica na segunda licitação realizada no país. Cada país analisado possui uma série de complexidades. Como a nossa capacidade de análise de riscos potenciais evoluiu? Mais do que as empresas, são os próprios países que evoluem. Por exemplo, a nossa entrada na Zâmbia foi parte do programa Scaling Solar, um dos melhores projetos de expansão de energias renováveis na África, patrocinado pelo Banco Mundial. Quanto à avaliação dos riscos, acredito que a experiência adquirida com o passar do tempo e em diferentes áreas geográficas nos ensinou a lidar com os dois aspectos principais de um investimento no exterior: o contexto institucional e os parceiros locais, adotando um modelo que tem como base os aspectos éticos, a integridade e a segurança, que são prioridades e requisitos indispensáveis para a Enel Green Power. Nos últimos anos, observamos uma tendência positiva de desenvolvimento de temas como o meio ambiente e a sustentabilidade nos países emergentes. É realmente o que está acontecendo? Com certeza, obviamente com ritmo diferente conforme o país. Alguns deram passos imensos. É o caso da Etiópia, onde participamos de uma licitação de 100 MW para energia solar no início de fevereiro. Até pouco tempo atrás, acreditávamos que a história da EGP na região se limitaria principalmente ao Quênia. Sempre prestamos muita atenção a fatores como o meio ambiente e a sustentabilidade, por isso é natural a convergência com países que estão se movendo na mesma direção. Em detalhe, qual é o modelo mais produtivo, entre PPAs (Power Purchase Agreement), tarifas de alimentação (feed-in tariffs) e outras formas de incentivo? Em geral, há pouquíssimos casos de tarifas de alimentação no mundo. Atualmente, são mais usados mecanismos competitivos, e isso tem permitido uma redução dos custos que não seria possível com o modelo das tarifas de alimentação. Os PPAs têm criado pressão competitiva em muitos países para acelerar os avanços tecnológicos, a redução dos custos e o desenvolvimento do setor: sem essa etapa, provavelmente não teríamos assistido à forte expansão das energias renováveis, que em alguns países são mais competitivas do que as fontes convencionais. Como estamos avançando com os PPAs? A EGP busca adotar uma exposição comercial muito baixa ao desenvolver novos projetos. Muitos PPAs já incluem este tipo de risco de exposição. Neste sentido, o trabalho da nossa equipe de técnicos, que estuda detalhadamente os contratos para mitigar os riscos, é fundamental. Como mudou ao longo do tempo o trabalho do departamento de BD da EGP? O nosso trabalho atualmente é divido em duas atividades distintas: a tradicional, que consiste no desenvolvimento real dos projetos, e a comercial, mais recente. O departamento de BD se ocupa de ambas as atividades, com a finalidade de criar novos projetos e comercializar a energia produzida. Os mercados que nos atraem são especialmente, mas não exclusivamente, os países que estão iniciando o processo de liberalização de grandes clientes, os chamados Clientes Comerciais e Industriais (C&I). Por exemplo? O México, onde a energia produzida por um dos maiores projetos eólicos que já realizamos será vendida para a Femsa, a maior engarrafadora da Coca-Cola. Em todo caso, o mundo dos PPAs é bem variado: existem contrapartes estatais e privadas, realidades complexas ou mercados totalmente liberalizados como os Estados Unidos. Hoje em dia, não vendemos energia apenas para outras concessionárias, mas também para grandes entidades industriais e comerciais, o que permite criar sinergias globais. Após os sucessos do ano passado, fale um pouco sobre 2017: o que podemos esperar? Geograficamente, a nossa atenção está voltada principalmente à Etiópia, a Austrália e o Norte da Europa. Um país de destaque é a Índia, onde já atuamos, mas precisamos consolidar nossa presença e demonstrar nossa competitividade. Porém, as metas da EGP não são apenas geográficas. Em primeiro lugar, precisamos nos tornar o fornecedor de referência para os grandes clientes comerciais e industriais: infelizmente, o nível de conhecimento da nossa marca para grande parte destes clientes é baixo. Portanto, é necessário um grande esforço de marketing industrial. Acho que também é necessário trabalhar para que nos vejam como um sócio preferencial. Em 2017, o departamento de Business Development deverá se ocupar de uma terceira atividade, além de engenharia e comercialização: a colocação de títulos. Mesmo em mercados onde não queremos perder rentabilidade, mas que possuem um alto nível de competitividade, esperamos encontrar instituições que acreditem e invistam na nossa empresa. Dessa forma, poderemos aumentar nosso valor. Enfim, é importante lembrar que a nossa capacidade de desenvolver, construir e operar usinas também está à disposição de terceiros: graças ao modelo BSO (Build, Sell and Operate) e as parcerias, somos mais competitivos.

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