A transição energética precisa de aliados ao longo do caminho. O processo de descarbonização exige o estímulo de energias renováveis e as soluções de armazenamento de energia vem justamente para atender este tipo de necessidade, permitindo que sistemas renováveis – intermitentes e não programáveis – executem sua função da melhor maneira possível, adaptando o suprimento de energia da rede às reais necessidades do sistema elétrico. Graças aos sistemas de armazenamento, a energia produzida pode ser armazenada em momentos de baixo consumo, para depois ser liberada na rede durante as fases de alta demanda energética. Além disso, os mesmo sistemas de armazenamento podem suportar a estabilidade da própria rede graças à sua extrema rapidez na resposta às oscilações de frequência. Portanto, o sistema elétrico como um todo torna-se mais flexível, inteligente e sustentável. A busca por sistemas de armazenamento recompensa a todos O Prêmio Nobel de Química deste ano, concedido aos criadores das baterias de íons de lítio – John B. Goodenough, M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino – demonstra o tremendo impacto desta invenção na vida de todos nós: suas aplicações se estendem a todos os campos tecnológicos, de telefones celulares a laptops e veículos elétricos, eles lançaram as bases para uma sociedade com menos fios e combustíveis fósseis e, consequentemente, geraram um impacto positivo no meio ambiente. O engajamento em pesquisas permitiu que os sistemas de armazenamento causassem uma extraordinária revolução em apenas uma década. Na Enel, os primeiros experimentos começaram ainda em 2010 na unidade de Livorno – parte integrante do Centro de Pesquisa de Pisa – e continuam até hoje. Com a expansão das plantas de fontes renováveis, os sistemas que passaram a ser amplamente difundidos são justamente aqueles sustentados pelas baterias de lítio, segmento tecnológico cujo desenvolvimento foi impulsionado pela mobilidade elétrica. Sua ampla disponibilidade no mercado faz com que ela seja uma solução economicamente acessível, sobre a qual pesam ainda alguns pontos, tais como a dificuldade em se obter materiais (sobretudo cobalto), problemas de segurança que exigem uma gestão otimizada, bem como a necessidade de desenvolver processos de reutilização e reciclagem que limitem seu impacto ambiental. Por outro lado, as baterias de fluxo figuram como uma solução emergente. Fabricadas com matérias-primas menos problemáticas em termos de disponibilidade e sustentabilidade, elas também chamam a atenção devido à baixíssima degradação derivada de seu uso. Graças à sua específica tecnologia, a energia acumulada e a fornecida não estão intrinsecamente vinculadas: um recurso que as torna particularmente adequadas para sistemas de armazenamento conectados às fontes renováveis. Ao lado das tecnologias de bateria, figuram outras soluções de armazenamento de energia que estamos observando minuciosamente, incluindo a estocagem em ar líquido (Liquid Air Energy Storage, LAES) e a estocagem gravitacional (com guindastes que levantam ou abaixam pesos conforme a necessidade de acumular ou fornecer energia). Trata-se portanto de uma fórmula a ser obtida entre a sustentabilidade e a economia circular A estocagem está passando por uma transição. Seu uso será gerido de maneira gradual e específica, conforme a necessidade de cada caso, de modo a garantir a segurança, a economia do sistema e a sustentabilidade. A questão sobre seu destino após o fim da vida útil é crucial, uma vez que é necessário prever processos eficazes de reciclagem e restauração conduzidos com a máxima transparência. É por isso que já estamos definindo, na escolha dos sistemas de armazenamento a serem utilizados em nossas plantas, os indicadores específicos de sustentabilidade para estimular toda a cadeia de suprimentos a adotar uma abordagem "design-to-recycle" para seus produtos. Também estamos estudando a possibilidade de usar as baterias originalmente destinadas aos veículos elétricos tanto para sua utilização em usinas renováveis quanto para fornecer serviços à rede elétrica, criando assim um processo virtuoso de economia circular. O projeto Second Life Melilla é resultado desta linha de desenvolvimento e foi selecionado como "member iniciative" pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), ele prevê a instalação de um sistema de armazenamento estacionário com baterias automotivas de segunda mão do modelo Nissan Leaf para suportar a estabilidade da rede. Ao mesmo tempo, estamos estudando algumas possibilidades para a estocagem do futuro por meio de soluções de engenharia verdadeiramente green, um compromisso que exploramos na linha de frente em parceria com excelentes fornecedores. Dentre os próximos sistemas inovadores que iremos testar estão a estocagem térmica desenvolvida pela Brenmiller, uma startup israelense que desenvolveu uma solução viável de acúmulo de energia sob alta temperatura por meio de rochas trituradas, capaz de armazenar energia em forma de calor, bem como dois sistemas de armazenamento de longa duração, um com base em uma bateria de fluxo e outro em baterias de lítio em estado sólido, ambos integrados aos sistemas fotovoltaicos na futura planta da ilha de Maiorca (Ilhas Baleares). Nestes três casos, nosso Team Innovation tem auxiliado os fornecedores de modo que suas soluções atendam o mais perfeitamente possível às necessidades relativas à transição energética, bem como a preparar o uso prolongado de novas tecnologias para aumentar a competitividade da Enel nos próximos anos.