Alpes 2021, última missão “Nos caminhos das geleiras”

As imagens quase sempre valem mais do que as palavras, sobretudo nestes tempos dominados pelas mídias sociais, onde a comunicação visual desempenha um papel fundamental. É também com esta ótica que foi conduzido, nos últimos 11 anos, o projeto fotográfico-científico “Nos caminhos das geleiras”, apoiado pela Enel Green Power, que permitiu o completamento do maior arquivo mundial de comparações fotográficas sobre as geleiras de montanha da Terra. A etapa final foi uma expedição de verão nos maciços alpinos da França, Suíça, Áustria e Eslovênia, finalizada em agosto passado, depois daquelas realizadas entre 2019 e 2020 na vertente italiana da cadeia alpina. “Nos caminhos das geleiras” nasceu em 2009 de uma ideia do fotógrafo Fabiano Ventura, com o objetivo de documentar a erosão progressiva das geleiras provocada pelas mudanças climáticas. Um projeto que desde o começo combinou fotografia, pesquisa científica e levantamentos de campo, permitindo monitorar as variações das massas glaciais nos últimos 170 anos: para realizá-lo foram recuperadas fotografias antigas (algumas anteriores ao ano de 1850) e foram tiradas outras novas durante as três expedições realizadas entre 2019 e este ano, para poder comparar a situação de hoje com a do passado. Na missão que acaba de terminar, Ventura e os seus colaboradores partiram do maciço dos Écrins, nos Alpes Ocidentais-Sul, visitando as geleiras Blanc e Noir, para depois se deslocarem rumo a Chamonix, coração do maciço do Monte Branco francês, prosseguindo depois para a Suíça. A comparação com as fotografias do passado revelam profundas mudanças na paisagem, em grande parte causadas pelos efeitos do aquecimento global. À drástica mudança de cenário contribuiu também a transformação de muitas localidades em pontos turísticos, transição que, em geral, certamente não ajudou a preservação do ambiente montanhoso. Terminados os levantamentos de campo, inicia agora a fase talvez mais importante, a da divulgação dos resultados obtidos, seja dentro da comunidade científica, que, principalmente, diante da opinião pública. Com um objetivo bem definido: aproveitar a potência das imagens para aumentar o nível de consciência em toda a sociedade sobre a crise climática “Com esta última missão se conclui a fase de campo, que significou mais de 10 anos de esforços, mas também de grandes satisfações”, destaca Fabiano Ventura. “Agora já estamos trabalhando para a segunda fase, na qual divulgaremos todos os resultados através da produção de exposições itinerantes, projetos editoriais e didáticos, documentários e conferências. Hoje em dia se fala tanto de ambiente e de clima, mas as palavras, infelizmente, nem sempre alcançam as consciências. As fotografias, e em especial as comparações fotográficas, podem ao invés abrir uma brecha de conscientização”. O projeto, além do apoio de Enel Green Power, envolve numerosas instituições científicas e de pesquisa, entre as quais a Universidade de Milão, o Politécnico de Turim, o Comitê Glaciólogico Italiano e o Serviço Glaciológico Lombardo. Várias instituições estrangeiras de pesquisa também colaboraram na missão deste ano, como a Universidade Savoie Mont Blanc, a Academia Bávara das Ciências de Munique e o Serviço Mundial de Monitoramento das Geleiras (World Glacier Monitoring Service).

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