Todas as vantagens da energia geotérmica

Sob nossos pés, a uma profundidade de alguns quilômetros no máximo, existe uma quantidade de energia suficiente para satisfazer, potencialmente, a demanda da humanidade inteira. É a energia térmica da Terra. E mesmo que no momento atual ainda tenha um papel marginal no balanço energético mundial, pode se tornar um dos protagonistas da transição energética para o uso de fontes verdes. A energia geotérmica compartilha muitas das suas vantagens com a maioria das outras energias renováveis. Por exemplo, em comparação com as termelétricas tradicionais alimentadas por fontes fósseis (como carvão), permite reduzir a produção de dióxido de carbono, poeiras finas e outras substâncias tóxicas que provocam o efeito estufa, contribuindo, portanto, para a redução das mudanças climáticas. Além disso, o uso da energia presente no interior da Terra permite reduzir o uso de combustíveis fósseis e ajuda a alcançar a autossuficiência energética. A energia geotérmica é uma forma de energia que vai na mesma direção do desenvolvimento sustentável e, depois da instalação da usina ser concluída, é basicamente gratuita. Sem dúvida, então, a história recente nos ensina que o desempenho e a eficiência dos sistemas melhoram a cada ano que passa. Algumas características da geotermia, ao contrário daquelas descritas até agora, a distinguem de outras fontes de energia renovável, como eólica, solar e hidroelétrica. A seguir, estão indicados 10 pontos que demonstram como o calor natural do subsolo ainda tem grande potencial para se tornar protagonista do setor energético do futuro. 1. Disponibilidade constante Além de ser na prática ilimitada, como muitas outras fontes de energia renovável, a geotérmica tem a caraterística de estar sempre disponível. Não é afetada da alternância entre noite e dia, como a energia solar, e não depende da estação, do clima ou das condições meteorológicas, como a energia solar, novamente, e como a energia eólica. Em média, uma usina geotérmica é capaz de produzir energia durante cerca de 8.600 horas por ano, ao contrário de uma usina solar, com uma média de cerca de 2.000 horas por ano. Portanto, a taxa de produção de energia geotérmica pode ser definida constante, pelo menos no curto e médio prazo, tornando-se mais facilmente previsível e programável. 2. Não requer grande espaço Ao contrário da majestade das turbinas eólicas e das extensões dos painéis fotovoltaicos, a geotérmica só necessita de espaços modestos. Tanto para uma instalação doméstica, quanto para um sistema de larga escala, a maior parte dos componentes (incluídos os trocadores de calor) é enterrada, enquanto muito pouco permanece na superfície. Nas residências, a bomba de calor é do tamanho de um eletrodoméstico, enquanto nos grandes sistemas a parte mais imponente são as torres de resfriamento, além das turbinas. Em alguns casos, os sistemas podem ter um certo impacto visual na paisagem, mas as soluções arquitetônicas mais recentes também limitam esse defeito. 3. Uma energia silenciosa Ao trabalhar em plena capacidade, a geotermia produz um ruído insignificante e imperceptível. Durante a fase de escavação e construção das usinas, um certo nível de ruído é inevitável. Porém, concluídos os trabalhos, o funcionamento é silencioso, tanto em sistemas domésticos quanto em grandes usinas, que têm no máximo algumas turbinas em movimento. 4. Recorde de criação de empregos Os dados coletados pelo GSE, o Gestor de Serviços Energéticos, afirmam: com igual potência instalada, a geotermia é a forma de energia renovável que determina o maior emprego induzido. Em termos quantitativos, são 34 empregos por megawatt instalado, muito mais dos 19 da eólica e dos 12 da fotovoltaica. Só para um país como a Itália, uma potência instalada de 2.000 gigawatts garantiria 4.000 funcionários permanentes e outros 30.000 empregos. 5. Mais energia com a mesma potência instalada Como resultado do fornecimento contínuo, a energia geotérmica pode operar em plena capacidade sem interrupções (exceto para manutenção). Ou seja, a energia efetivamente obtida equivale à potência multiplicada pelas horas de uso, ao contrário das usinas fotovoltaicas, hidrelétricas e eólicas, que raramente operam em capacidade máxima. Com a mesma potência nominal, portanto, a energia obtida é maior. 6. Permite um ciclo duplo A energia geotérmica otimiza os recursos. Por um lado, os sistemas têm componentes que podem ser recuperados e reutilizados no final da vida útil da instalação. Por outro lado, durante o funcionamento, os fluxos são organizados para reintroduzir, através das tubulações de vapor que alimentam os sistemas, o calor que não pode ser utilizado imediatamente, favorecendo a economia. 7. As usinas são duradouras, seguras e confiáveis Tanto para instalações domésticas quanto para sistemas de grande escala, a vida útil média é muito longa, podendo alcançar 80 ou 100 anos. Se compararmos com um aquecedor doméstico, que costuma operar por quinze anos, é uma longevidade extraordinária. Além disso, a ausência de combustão evita o risco de incêndios e a longa experiência adquirida com esse tipo de sistema garante excelente confiabilidade. 8. Requer baixa manutenção Especialmente para aplicações domésticas, um sistema geotérmico não exige manutenção específica. Por ser um sistema a circuito fechado, a pressão dos fluidos nas tubulações é autossustentável e o número de elementos elétricos e mecânicos que podem falhar é muito limitado. 9. O calor da Terra também pode ser usado para refrigeração Quando falamos em geotermia, em primeiro lugar pensamos em energia térmica e aquecimento. No entanto, um sistema geotérmico é projetado para o aquecimento e a refrigeração. Por isso, além de grandes usinas, um sistema geotérmico pode ser instalado em qualquer tipo de edifício: residências, centros comerciais ou esportivos, escritórios, edifícios públicos. O importante, obviamente, é que a localização geográfica seja favorável em termos de características do subsolo. 10. Outras vantagens para as residências Além de refrigeração no verão e aquecimento no inverno, a energia geotérmica aplicada ao ambiente doméstico tem muitas outras vantagens. Por exemplo, reduz o consumo total de energia entre 30 e 70%, pois também pode desempenhar a função de caldeira, para aquecer a água usada na cozinha e nos banheiros. Perspectivas de bioarquitetura e baixas temperaturas Até agora, a geotermia teve uma importância marginal no panorama energético mundial. Apesar de ser difícil prever que a energia geotérmica possa superar outras fontes renováveis – inclusive pela dificuldade de alcançar o calor subterrâneo –, a inovação está permitindo resolver alguns problemas intrínsecos da geotermia. O risco de impacto paisagístico, por exemplo, é cada vez mais mitigado por soluções de bioarquitetura, que integram as usinas no ambiente natural e utilizam materiais não poluentes. O típico cheiro desagradável presente nas usinas, por sua vez, foi eliminado graças ao uso de sistemas de filtragem e contenção que evitam o vazamento dos gases provenientes do subsolo. A necessidade de altas temperaturas em profundidade, de pelo menos 150°C, também está sendo resolvida. Por um lado, com soluções de baixa entalpia, que permitem o aproveitamento de temperaturas de 100 °C ou menos. Por outro, com a perspectiva de poder usufruir de temperaturas inferiores a 90 °C em uma ou duas décadas, aumentando, dessa forma, o número de lugares em que a energia geotérmica pode ser utilizada.

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