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A energia que viaja nas ondas do mar

Como gerar eletricidade a partir do movimento do mar? Começa uma importante experimentação da EGP: foi instalado no Chile o primeiro conversor de ondas da América Latina. Permitirá recolher informações fundamentais para explorar este grande potencial.

Mani che raccolgono acqua
Mani che raccolgono acqua

Os surfistas os chamam de spot: são os lugares exatos onde quebram as ondas melhores para serem cavalgadas com suas pranchas e onde obter o máximo do impulso do mar para brincar com a gravidade deslizando sobre a água. Mas o movimento dessas ondas tão intensas também pode ser aproveitado para um outro, ambicioso, objetivo: o de produzir energia limpa.

É o caso de Las Cruces, na região de Valparaiso, no Chile, à beira do Oceano Pacífico. Um surf spot que há poucos dias tornou-se sede do primeiro conversor de energia do movimento das ondas da América Latina, instalado pela Enel Green Power no começo de abril, no âmbito do projeto Open Sea Lab (Lab Mar Aberto) do Marine Energy Research and Innovation Center (Meric – Centro de Pesquisa e Inovação em Energia Marinha).

O local chileno, graças às suas condições microclimáticas, é um dos mais promissores do mundo, porque caracterizado por ondas constantes e eficazes para serem convertidas em energia elétrica. O PB3 PowerBuoy, como é chamada a inovadora máquina produzida pela empresa norte-americana Ocean Power Technologies, foi criada exatamente com o objetivo de aproveitar este constante movimento das ondas para gerar eletricidade. Mas de que maneira?

 

Como funciona a “boya generadora”

O dispositivo tem a forma de uma enorme boia que mede cerca de 14 metros de altura– mas somente três metros emergem à superfície da água – e pesa quase 10 toneladas. Fica a mais de um quilômetro da costa, ancorado na areia, no fundo do mar, e inclui no seu interior um sistema de baterias de 50 kWh. Obviamente, é projetado para não produzir nenhum tipo de resíduo nem impacto sobre o habitat do Oceano.

Graças ao movimento contínuo do mar, a boya generadora balança na superfície da água subindo e descendo, transformando a energia do movimento das ondas na energia elétrica que vai alimentar uma série de sensores oceanográficos instalados para monitorar o ambiente subaquático. E não é tudo, ou seja, temos produção de eletricidade sim, mas também estudo e coleta de informações para conhecer da melhor forma o comportamento das ondas e do oceano, para poder estudar e otimizar o mais possível a valorização da fonte renovável marinha. 

Um laboratório em mar aberto

Por outro lado, a atividade de investigação e inovação da Open Sea Lab (OSL) se concentra precisamente no mar: desde a dessalinização à corrosão nos ambientes marinhos, passando justamente pela energia. Trata-se - nomen omen – de um autêntico laboratório em mar aberto desejado pelo Meric, o centro de pesquisa promovido pelo Ministério da Energia do Chile e pela agência governativa Corfo (Corporación de Fomento de la Producción, Corporação de Incentivo à Produção) e cofundado pela Enel Green Power.

“A fase de testes com o PB3 PowerBuoy vai possibilitar a compreensão, inclusive, do comportamento da máquina em reais condições de funcionamento no ambiente marinho, a longo prazo”, diz Gioacchino Bellia, Head of Innovation Geothermal, Marine and Hydro da Enel Green Power. “Desde a conexão elétrica ao controle à distância do ambiente marinho, até os sistemas de ancoragem do dispositivo: são vários os aspectos que uma experimentação como essa nos permite avaliar”. 

E qual melhor país do que o Chile para explorar novas soluções como essa, um banco de provas em termos de inovação para a energia e para EGP, muito presente aqui em todos os setores das renováveis, inclusive no desenvolvimento do hidrogênio verde e do armazenamento

 

Inovação e transição

“As tecnologias de geração marinha ainda são novas em relação à eólica e à solar e o caminho para a sua adoção industrial em larga escala levará mais alguns anos; experiencias pioneiras como esta são importantes para acelerar e catalisar o processo de crescimento e scale-up (aumento de escala)”, declara Nicola Rossi, Chefe do Departamento de Inovação da Enel Green Power. “A energia marinha, num futuro, também poderá fornecer uma contribuição ao percurso da transição energética e, em pleno espírito Open Innovability®, Enel Green Power agora está na linha de frente para sondá-la: uma flecha a mais a ser acrescentada ao nosso arco para alcançar a carbon neutrality (neutralidade de carbono) e continuar construindo a Geração do Futuro”, conclui Rossi.