Se olharmos para o progresso atingido pela tecnologia solar da fábrica 3Sun Gigafactory, veremos que o caminho percorrido em apenas dez anos é de dar vertigens. A protagonista desta história excepcional é a célula fotovoltaica, elemento base na composição dos painéis solares. A aventura da 3Sun Gigafactory em Catânia começou em 2010, com a tecnologia de filme fino de silício: os módulos mostravam uma eficiência em torno de 10% e uma duração de 25 anos, que são valores consideráveis. Para alinhar uma fábrica recém-nascida aos grandes produtores estrangeiros (principalmente asiáticos), contamos com uma empresa líder no setor: a japonesa Sharp, sócia do consórcio que deu vida à 3Sun Gigafactory. De fato, desde o início, nossa abordagem foi a da Open Innovation, adotada pelo Grupo Enel: estamos abertos a ideias inovadoras provenientes até mesmo do exterior para criar colaborações que alcancem um objetivo comum, um futuro mais sustentável. Aprendemos rápido, e logo no início das atividades produtivas, contávamos com uma fábrica à vanguarda: já estávamos prontos para olhar para frente, como verdadeiros pioneiros. O último dos sete milhões de painéis solares de filme fino saiu da nossa fábrica em 25 de outubro de 2017: quisemos apostar no grande potencial de um modelo mais inovador, o dos painéis bifaciais. Eles eram considerados um produto de nicho, mas nós abrimos o caminho: outros produtores logo começaram a nos seguir pela mesma estrada, confirmando o papel da Enel na orientação dos mercados. Sempre abrindo novos caminhos Os painéis bifaciais utilizam tanto a luz que incide sobre a frente quanto aquela refletida e difundida do terreno, que chega ao verso do painel. A principal vantagem é um aumento de até 20% da energia produzida para a mesma área ocupada. Além disso, os novos módulos desenvolvidos são mais resistentes aos fatores externos, duram mais (até 30 anos) e são construídos de modo a agilizar a reciclagem dos materiais. Cada conquista, quando se fala em termos de inovação contínua, é ao mesmo tempo um ponto de partida. Assim, também para nós, o painel bifacial foi uma etapa em direção a um modelo ainda mais avançado: o painel bifacial de heterojunção (HJT), que apresenta uma eficiência de 20% e uma duração garantida de até 35 anos. Nesse caso, o nosso parceiro de excelência foi o CEA-INES (o Institut National de l’Énergie Solaire, na França), com o qual desenvolvemos uma tecnologia capaz de converter mais luz em energia. Os resultados não demoraram a aparecer. No início de 2020, a nossa célula solar HJT atingiu uma eficiência de 24,63%: um recorde mundial absoluto. Um valor ainda mais significativo se pensarmos que ele foi atingido em uma célula não-experimental, mas realizada com equipamentos e processos industriais. Para dar uma ideia de quanto esses dados são notáveis, basta pensar que as células de silício possuem um limite teórico de eficiência em torno de 28-29%, enquanto o limite máximo atingido na prática é de 26-27%. Trabalho conjunto Para superar tais limites, é preciso voltar a trabalhar na arquitetura tecnológica das células, passando da célula de silício à célula tandem, composta de duas células que trabalham juntas para obter uma maior eficiência. Nós apostamos em um sistema que usa como célula superior uma célula de perovskite, e como célula inferior, a nossa célula HJT de silício. Enquanto as células de silício utilizam, da luz solar, apenas para a radiação no comprimento de onda do vermelho, as células de perovskite capturam o azul. Desta forma, a célula Tandem, utilizando ambos os componentes, melhora seu desempenho em relação às duas células precedentes, com uma eficiência que pode superar os 30%. Também neste caso estamos desenvolvendo a nova célula Tandem em pleno espírito “Open Innovation”, com a contribuição de empresas e centros de pesquisa internacionais de excelência. No âmbito de uma destas colaborações, desta vez com parceiros italianos (a ENEA, o centro CHOSE da Universidade “Tor Vergata”, de Roma, o Instituto de Estrutura da Matéria do CNR - Conselho Nacional de Pesquisa italiano e a empresa BeDimensional, derivada dos Graphene Labs do Instituto Italiano de Tecnologia de Gênova), obtivemos uma célula tandem com uma eficiência de 28%, utilizando como célula inferior a nossa célula HJT, à qual foi sobreposta mecanicamente uma célula de perovskite realizada em laboratório. Trata-se de um resultado de grande importância, principalmente considerando que a célula HJT utilizada não é um modelo de laboratório, e sim uma célula produzida na nossa linha industrial: isso confirma o potencial da tecnologia Tandem. Estamos no caminho certo e mais próximos da transição para produção em escala industrial: agora nos espera mais este passo que permitirá um salto na produção de energia limpa, imprimindo uma forte aceleração ao desenvolvimento sustentável. Mais uma vez, a meta alcançada é, também e sobretudo, um ponto de partida, e o caminho que nos espera será tão desafiador quanto o que já percorremos.